terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A Sombra do Vento (La Sombra del Viento) - Livro


Por: Lucas Kotovicz

A Sombra do Vento é um belíssimo romance, escrito por Carlos Ruiz Zafón, no qual um livro é a chave que proporciona todo o desenrolar dramático da história.
Daniel Sempere (segundo personagem principal, diga-se de passagem), na madrugada de seu aniversário de 11 anos (lembrou de um garoto com uma cicatriz na testa?), é levado pelo pai ao chamado “Cemitério dos Livros Esquecidos”, um lugar misterioso onde livros que há muito tempo não são lidos ficam guardados, esperando que um dia alguém os leve. Gosto de comparar este local com uma feira de filhotes: centenas de cãezinhos esperando por uma alma piedosa que os levem para um lar. Dentre todos aqueles livros, Daniel escolhe o intitulado "A Sombra do Vento".

Um começo realmente impressionante, o qual demonstra também todo o amor paternal. Mas para quem achou que teríamos uma linda história de relacionamento entre pai e filho, sinto em dizer que está enganado. Zafón descreve exatamente o que acontece na adolescência, quando vivemos entusiasmados, apaixonados e por vezes sem pensar direito antes de efetuar qualquer ato.

Voltando à história, Daniel lê tal livro e o aprecia, decidindo procurar por mais livros do autor, Julián Carax (este sim, personagem mais do que principal). Em sua busca por informações, ele descobre que uma misteriosa pessoa está procurando queimar todos os livros de Carax, iniciando assim uma trama muito bem bolada por Carlos Ruiz.

Em A Sombra do Vento (referindo-me ao real livro), o personagem mais insignificante terá a sua razão de estar ali. Zafón parece usar de seu dom literário como forma de comprovar a tese de que a vida das pessoas está interligada umas com as outras. Tal teoria pode ser vista também no filme Crash – No limite, vencedor do Oscar.

O livro é escrito em uma linguagem rebuscada e ao mesmo tempo simples. Nele, até mesmo os mais sonoros palavrões parecem ser pronunciados elegantemente por gente da alta sociedade. Porém, o personagem campeão neste tipo de fala é o alegre Fermín Romero de Torres, um mendigo encontrado por Daniel.

Outro ponto interessante é que o livro se passa após a Segunda Guerra, em Barcelona. Como toda a Europa foi atingida, a cidade ainda se recupera. Podemos imaginar com precisão como são as ruas, os prédios, o céu e até mesmo o ar do momento, tudo isso graças aos detalhes colocados com precisão por Carlos Ruiz.

Recomendável a leitura, porém aviso que há pelo menos três cenas de sexo explícito. Se você for um leitor atento, irá notar.

Nota: 8

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button


O Curioso Caso de Benjamin Button

Fábula melancólica dirigida por David Fincher e estrelada por Brad Pitt da velhice à infância é um filme que trata da vida e do amor.

No mundo de Benjamin, as pessoas são atingidas por relâmpagos 5 vezes na vida, atravessam o Canal da Mancha a nado e dançam no maior palco de Nova York. Na sua simplicidade, Benjamin observa a vida alheia com interesse voluntarioso, como se cada decisão e acontecimentos relacionados àqueles seres fossem atos de grandeza divina.

É como se aquele homem de marcas do tempo soubesse o que ocorrerá a cada um de nós e se tornasse um pilar de sustentação nos momentos difíceis. Morre um morador do asilo onde vive desde pequeno com a mãe adotiva(Taraji P. Henson)? Benjamin suspira calmamente, desce da escada e ajuda a retirar o corpo. Sua amada prefere curtir a juventude com artistas metidos em vez de lhe dar atenção? Benjamin compreende, se afasta e segue com sua vida. O problema é que Benjamin também é extraordinário: ele nasceu velho, um bebê enrugado e com doenças decorrentes da idade, e vai progressivamente rejuvenescendo ao longo de 80 anos.

O interesse pela vida e pelo amor, e o entendimento da morte são os grandes temas de O Curioso Caso de Benjamin Button, filme que pode se igualar a Clube da Luta como o grande trabalho do diretor. Benjamin Button, na sua existência fantástica ao longo do século passado, vivendo a guerra, mantendo um grande amor, beijando paixões e percorrendo o mundo só quer provar que a integridade de suas emoções é maior que qualquer sentimento.

A trama poderia ser mais uma qualquer de Hollywood, caso não estivéssemos falando de dois sujeitos chamados David Fincher e Brad Pitt; Fincher, na sua conhecida mania por detalhes, aplica sentimento em todos os seus planos, ajudado pela bela fotografia; Pitt é a alma do longa, nunca sendo grotesco o bastante para afastar o público ou normal demais para ganhar simpatia gratuita. O filme em si é muito similar a Forrest Gump, na passagem do tempo, efeitos revolucionários e nas lagrimas.

O Curioso Caso de Benjamin Button é um filme para ser visto, revisto e analisado várias vezes. Até mesmo começando pelo final.

Por: Guilherme Freitas
Nota: 9

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

007 - Quantum of Solace


Por: Guilherme Freitas


Se a moda é a construção de trilogias, 007 - Quantum of Solace é um bom capítulo do meio da nova reinvenção do agente secreto mais famoso do mundo. Pela primeira vez na série, encontramos James Bond minutos depois do término do linga anterior, em perseguição violenta na Itália, após atirar no Sr. White(Jesper Christensen). É o começo de uma jornada de vingança que foi deixada por Cassino Royale, servindo como uma boa sequência para calar aqueles que reclamaram da falta de ação na estréia de Daniel Craig como 007. Aqui, não há tempo para respirar. Há perseguições incríveis de carros, lanchas a pé e até de aviões. Há braços quebrados e veias perfuradas. Há acrobacias e explosões. Há M(Judi Dench) em diálogos hilários. Há um Bond descontrolado próximo do ponto de ficar irreconhecível.

Enquanto existe um respeito necessário pelo clima realista e uma predileção pela pancadaria no estilo Jason Bourne, o roteiro de Paul Haggis com mais duas pessoas é de uma simplicidade incrível: Bond tenta descobrir os responsáveis pela morte da amada Vésper e, em furia, sai apagando todas as conexões sem muito tato ou tática.

Até descobrir que um empresário(Mathieu Amalric) é o chefão de uma organização(a tal Quantum do título) que derruba e levante ditadores pelo mundo. O encontro com outra alma em busca de sangue(Olga Kurylenko - na minha opnião, muito sem graça em relação a Bond girl do filme anterior) até aciona um molho, mas não é a intenção do diretor Marc Foster - o que é incrível, vindo de quem fez Em Busca da Terra do Nunca.

O objetivo de Quantum of Solace é divertir sem grandes reviravoltas e apresentar um sistema de poderosos inimigos que devem encarar de frente o espião no (óbvio) terceiro capítulo.

Nada mal, mas pode usar o cérebro junto com os músculos na mesma intensidade da próxima vez, Bond, James Bond.


NOTA: 8

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ressaca do amor - Filme [Forgetting Sarah Marshall]



Por: Guilherme Freitas


Hoje é um dia triste em minha vida pois meu tio faleceu. Então decidi fazer a crítica de um filme com o nome um pouco peculiar entre os jovens recentes. Ressaca do amor.

Quem diria: um dos gêneros de cinema feminimo - a comédia romântica - está sendo dominada por protagonistas barbados. É tudo culpa de Judd Apatow, o atual 'MESTRE' da comédia americana responsável por filmes como os excelentes O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos.

Coisas praticamente de mulher - no caso dos filmes citados, virgindade e gravidez - são mostrados pela ótica do homem. Neste Ressaca do Amor, outro tema que já rendeu milhares de filmes de mulherzinhas(o rompimento de um relacionamento) é visto pelo outro lado, o do sujeito que levou um pé na bunda.

Ele é Peter Bretter(Jason Segel), compositor da trilha sonora de uma série tipo C.S.I., é estrelada por sua namorada com quem se relaciona há cinco anos, Sarah Marshall(Krsten Bell, de Heroes). Desleixado e à sombra da fama de celebridade de sua amada, Peter é dispensado por ela em uma cena que explora tanto o ridículo quanto a humilhação de uma ruptura de namoro: ela está impecavelmente vestida; ele, nu. Em meioa risada, fica a mensagem de que homem também é vulnerável.

Para esquecer a namorada, Peter tira férias em um resort no Havaí - justamente o mesmo em que Sarah Marshall se hospeda com o novo namorado, um roqueiro inglês. Crises de choradeira seguem-se até ele resolver superar a dor mesmo com a presença tão próxima da ex. Enquanto isso, Peter passa por situações pastelão durante as férias e ainda descola o ombro amigo da menina do concierge(Mila Kunis).

Ressaca do Amor seria mais uma comédia romântica de papéis trocados (sai a mulher abandonada, entra o sujeito dispensado) se a direção de Nicholas Stoller e o dedo de Apatow não trabalhassem tão bem os personagens. Até o ingreto papel da megera Sarah Marshall e do rival inglês são bem definidos e defendidos por seus atores, oque da o ar de verossimilhança e cumplicidade que as comédias de Apatow têm.

Mesmo sem baixarias, seus filmes e protagonistas soam reais - daí a razão do seu sucesso.
NOTA: 8

domingo, 28 de setembro de 2008

O Labirinto do Fauno(Pan's Labyrinth) - Filme

Por:Guilherme Freitas


Por baixo da mente fantástica, dos bichinhos falantes e dos mundos encantados, os contos de fadas foram criados para entreter e deixar as crianças com sua imaginação a flor da pele, e ainda por cima prepará-las para a vida adulta, mostrando com metáforas espertas que certas coisas, como medo, dor e morte, simplismente fazem parte da vida.

O Labirinto do Fauno, obra-prima do diretor Guillermo Del Toro, leva a idéia além: os contos não são metároras e suas lições nem sempre acabam com um final feliz. No início, Del Toro acompanha a pequena Ofélia(Ivana Baquero, esplêndida) que vai com sua mãe, grávida, para um posto militar na selva - e seu padrasto que faz o tipo machão, quer que o filho nasça ao lado do pai. Como fez no brilhante A Espinha do Diabo, o diretor mostra o terror da guerra espanhola pela visão de uma criança. Ao explorar o lugar, erquido perto das ruínas de um labirinto vivo, Ofélia descobre a presença de um Fauno(interpretado pelo mesmo ator que fez o Surfista Prateado do 2° Quarteto Fantástico), que lhe revela sua verdadeira origem. Ela é a princesa de um mundo subterrâneo e precisa completar três tarefas para provar que é digna de seu lugar de direito.

A genialidade de Del Toro é nunca deixar claro se as provações impostas pelo Fauno são reais ou fruto da imaginação da menina, um modo de lidar com a horrível realidade, já que sua mãe enfrenta uma gravidez de altissímo risco, seu padrasto mostra-se um homem violento e obcecado e os 'soldados' rebeldes estão cada vez mais próximos do posto..

Seguindo seu plano de realizar produções menores entre os filmes hollywoodianos (o seu novo filme é Hellboy 2: O Exército Dourado), Del Toro construiu uma fábula capaz de arrancar a beleza do horror e de apontar esperança quando o triunfo parece estar nas mãos do próprio Mal.
Filme vencedor de 3 Oscar.

P.S.:Assisti a esse filme no cinema acompanhado do meu eterno amigo Gilson.

NOTA: 9,5

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Menina que Roubava Livros (The Book Thief) – Livro

Por: Lucas Kotovicz

Pode-se dizer que quando eu comprei A Menina que Roubava Livros, julguei o livro pela capa. Uma bela capa. Talvez a cor branca tenha me seduzido. Virei o livro para ler o resumo, presente na contracapa de (quase) todos os livros, e me assustei quando vi apenas uma frase: “Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.” Eu parei.

Markus Zusak escreveu uma belíssima obra quando decidiu fazer com que a Morte contasse a história de uma menina ladra chamada Liesel Meminger. A perfeição com a qual a ceifadora nos conta tal história é tanta que nos leva a acreditar que o autor do livro tenha sido a própria Morte, e não Markus. Mas não é apenas isto que fascina os privilegiados leitores deste romance. A maior parte das 478 páginas se passa durante a 2ª Guerra Mundial, e Zusak (ou seria a Morte?) consegue balancear extraordinariamente a vida repleta de sonhos dos personagens inverossímeis com a real crueldade de Adolf Hitler. Porém, mesmo vivendo neste período de caos, Liesel tenta encontrar nos livros e nas pessoas amadas a felicidade tão almejada por todos nós.

Talvez o único ponto em que Markus peca é próximo às últimas páginas, quando já não há mais muito empenho para escrever. Ele resume os últimos acontecimentos de forma a acelerar o tempo. Mas há de se perdoá-lo, afinal, mesmo resumindo, o autor consegue trabalhar esplendidamente com o final, sendo este muitas vezes o ponto crucial de sucesso ou de fracasso de um livro. Markus Zusak obteve sucesso.

Não é sempre que se pode ler uma história contada pela Morte. Então leia, antes que ela lhe conte pessoalmente.

NOTA: 9

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Eu Sou a Lenda (I Am Legend) - Filme

Data:24 de setembro de 2008
Por: Guilherme Freitas

A terceira versão do filme Eu Sou a Lenda confia cegamente em Will Smith e não decepciona. Bem, até os monstros e Alice Braga entrarem porta adentro.

Sem dúvidas Will Smith é o maior astro da Terra atualmente. E nem precisava ter ficado sozinho com seu cachorro no planeta para entedermos isso. Sozinho na tela em quase os seus 101 minutos de duração, o ator é o pilar de sustentação de todo o filme. Procurar outras razões para explicar o sucesso de Eu Sou a Lenda é como tentar justificar a queda do Corinthians pra segunda divisão, é querer desviar a atenção do óbvio.

Antes de ser lançado o filme já estava conhecido pela cena da ponte do Brooklyn, onde ela era explodida, para deixar Nova York em quarentena, por causa do vírus que transforma humanos em zumbiros(mistura de zumbis com vampiros de força extraordinária --'). Mal sabiam todos que essa cena seria mais uma qualquer, como cenas normais em filmes de ação e ficção científica, e não causou qualquer impacto visual ou emocional. E perceba que Will Smith se esforça para não deixar isso acontecer no decorrer do longa.

Seu Robert Neville(Smith), cientista-militar se que fica em Nova York para descobrir uma cura para o vírus, é um sujeito calculista, anti-social e ciente do seu papel no futuro da humanidade. O diretor Francis Lawrence se aproveita disso para mostrar como é a vida dele na ilha, junto de seu cão - a caçada por uma Manhattan abandonada é de arrepiar.

O diretor começa seu escorregão quando devia ser seu melhor ato: os zumbiros, que aparecem apenas em cenas noturnas(há uma excessão). Quando os bichos entram em ação o ritmo do filme se transforma num típico jogo de vida ou morte, e as criaturas, pelo amor de Deus, parecem humanos fantasiados, típicos de filmes da saga A Múmia. A única cena que se salva é a que mostra uma luta em frente a estação central, com direito a cães-zumbiros e um "chefão de base". Se isso não fosse idiota o bastante, porque eles foram meter Alice Braga no meio desse filme? Sua personagem em nada influência a trama, sorte que ela só aparece nos minutos finais, e ainda assim consegue protagonizar uma cena que deixa qualquer um irritado de tão idiota que é, como que pode a mulher nunca ter ouvido falar de Bob Marley???

Eu Sou a Lenda poderia ter sido melhor, muito melhor, se tivesse um Spielberg na direção ou um Ridley Scott e se tivesse um final mais desesperador. Mas isso tudo agora é lenda.

Recomendado.

NOTA: 7

terça-feira, 23 de setembro de 2008

THE BEST OF CRITICS

Olá meus caros primeiros visitantes do nosso (por enquanto) humilde blog. Direto ao ponto. O objetivo principal do "The Best of Critics" é fazer você pensar duas vezes antes de assistir um filme, ler um livro ou até mesmo escutar um novo álbum de música. Você entra, lê a nossa crítica e daí decide se vai perder horas assistindo/lendo/ouvindo um filme/livro/álbum ou se ficará ancioso para vê-lo/lê-lo/ouvi-lo. Caso você já tenha assistido, lido ou escutado, antes ou depois de ter visto nossa crítica, comente. É o único meio de você interagir conosco e de nós conhecermos você. Não se sinta tímido em nos contrariar ou concordar. Discutir é bom. Agrega cultura e inteligência.

Conheça agora os integrantes do "The Best of Critics":

*** Guilherme Freitas (vulgo Freitas. Amigas íntimas o chamam de Gui, amigos íntimos o chamam de Freitas Grill):
- Estudante do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco, Curitiba;
- Nasceu em 1992;
- Pretende cursar Cinema ou Jornalismo na faculdade, sendo sua preferência o curso estadunidense;
- Sonho: ganhar um Oscar;
- Especialista em filmes.

*** Lucas Kotovicz (vulgo Kotó. Íntimos o chamam de Kotó Goró em raras oportunidades, embora ele não aprecie bebidas alcoólicas):
- Estudante do 3º ano do Ensino Médio (e estagiário) do Colégio Kennedy, Campo Largo;
- Nasceu em 1991;
- Inscrito no curso de Ciências Econômicas no processo seletivo 2008/2009 da UFPR, mas sabe que não vai ser aprovado e pretende cursar Jornalismo e/ou Sistemas de Informação em faculdades particulares;
- Sonho: escrever um romance com mais de 500 páginas de grande sucesso mundial;
- Especialista em livros.

*** Eduardo Murphy (vulgo Dudu. Muitos preferem chamá-lo apenas pelo sobrenome. Ficou conhecido abertamente como Duduconha, mas poucos sabem o motivo. Alega nunca ter usado drogas):
- Estudante do 3º ano do Ensino Médio (e estagiário) do Colégio Kennedy, Campo Largo;
- Nasceu em 1991
- Inscrito no curso de Relações Públicas no processo seletivo 2008/2009 da UFPR. Mesmo se for aprovado, fará um curso de Produção Sonora bom em qualquer lugar onde seja barato.
- Sonho: ter seu próprio estúdio e banda;
- Especialista em música.

Pedimos apenas a gentileza de que você não critique nosso layout. Com o tempo o melhoramos.

Pro começo, é isso. Fiquem ligados que as críticas vão começar!